Uma das principais características da pratica de qualquer esporte é a ludicidade. Portanto e antes de tudo o exercício da prática desportiva tem, obrigatoriamente, de gerar alegria e prazer para o desportista, posto que esse é um de seus fundamentos.

Todavia, o kartismo nacional de alto rendimento parece estar se distanciando desse, que deveria ser seu objetivo principal. Por óbvio esse distanciamento não se trata de um coletivo problema de memória, ao se olvidar de um dos elementos basilares do desporto, mas sim em razão do infeliz resultado daquilo que se convencionou chamar de “evolução”!

Dessa forma, em nome dessa tal de evolução, a diversão deu lugar à obrigação. O prazer de burlar os limites transmutou-se em obrigação de superar os limites e os demais concorrentes, que tornaram-se, “evoluidamente”, velados inimigos. Ou será que ninguém jamais tenha ouvido pelos boxes algum despreparado preparador “explicando” para seu pupilo as técnicas Nelson Rodrigues de ultrapassagem?

Não entendeu? Bem, nunca é demais relembrar que o jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues era conhecido do publico como o “Filósofo da Porrada”! Pai de piloto – que é invariavelmente uma versão piorada das mães de Miss - então, nem vale à pena comentar…

Vivemos, hoje, uma era de “pasteurização desportiva” sob a égide da (falsa) explicação para essa tal de “evolução” de que o amadorismo não tem mais vez no esporte motorizado e é hora de “profissionalização”, deixando-se tudo com cara de uma mini F1. A ideia que se vende (e bem caro) é a de que nossos pilotos devem ser velozmente preparados para chegarem igualmente rapidamente e preparados nos boxes oníricos da Red Bull, Ferrari, McLaren, Williams e, cruz credo, Marussia.

A verdade, todos, no fundo, bem a sabem: A esmagadora maioria jamais chegará lá!

E é exatamente aí que retornamos ao ponto inicial. A prática de qualquer esporte, principalmente para os de mais tenras idades, tem como função precípua ser um agente na formação do indivíduo. Afinal é na pratica esportiva que se aprende a respeitar as regras, quer sejam elas desportivas, quer sejam elas de convívio social, regras de respeito aos adversários e de respeito aos profissionais que ao seu lado trabalham incansavelmente por seu progresso e bons resultados.

É na ludicidade do exercício do esporte que se pode tornar um bom cidadão, um individuo admirado e respeitado. É no esporte que se conquista a autoconfiança, se aprende os próprios limites e as formas de os superar.

Decerto são esses os valores que devem ser, obrigatoriamente, resgatados e preservados. Mesmo esquecidos são valores basilares, é o correto alicerce para se erigir uma sólida construção e não os castelos de cartas que não estão levando nossos pilotos a lugar algum.

Meio brasileiro, meio irlandês, o jovem kartista Derek Ryan faz parte desse universo. É um soldado apaixonado e dedicado desse exército da velocidade que acabou servindo como catalisador do resgate desses valores.

Como a vida imita a arte, esse é o verdadeiro Resgate do Soldado Ryan!

Para quem desconhece o filme O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan), trata-se de um épico filme de guerra norte-americano de 1998, ambientado durante a Batalha da Normandia na Segunda Guerra Mundial. A película foi dirigido por Steven Spielberg, escrito por Robert Rodat e estrelado por Tom Hanks. Premiado com um Oscar, o filme é notável pela intensidade de seus primeiros 27 minutos, que retratam o ataque costeiro na Praia de Omaha, em 6 de junho de 1944. Sua história gira em torno da busca de Tom Hanks – na pele do Capitão John H. Miller - e seu pelotão formado por sete homens (Tom Sizemore, Edward Burns, Barry Pepper, Vin Diesel, Giovanni Ribisi, Adam Goldberg e Jeremy Davies) do paraquedista James Francis Ryan (Matt Damon), que é o último sobrevivente de quatro irmãos militares.

A iniciativa desse resgate da ludicidade de nossos pilotos no esporte é de Simone Ryan, mãe do kartista paulista Derek Ryan, nosso veloz irish boy da equipe TR3 Motorsport, comandada por Waltinho Travaglini, que criou a primeira brinquedoteca do kartismo nacional.

Ok, talvez você não saiba exatamente o que é uma brinquedoteca, então lá vai uma breve explicação: - Brinquedoteca é uma coleção de jogos e de brinquedos, organizada para o livre uso dos visitantes, quer sejam eles crianças, adolescentes, ou mesmo adultos, que podem explorar um mundo mágico, bem como contribuir para seu desenvolvimento emocional, intelectual e motor.

Muitas escolas mantém uma brinquedoteca de brinquedos educacionais como forma
de substituir o clássico "playground" por algo que possa ensinar enquanto entretém os alunos. Tendo neles objetivos pedagógicos que proporcionem interação entre colegas, aprendizado, coordenação motora, e diversão.

Bem, por tudo isso o Planet Kart apoia incondicionalmente o projeto idealizado por Simone Ryan, que abaixo explica “pessoalmente” o projeto da brinquedoteca e convida nosso leitores a se tornarem ativos apoiadores.

Confira:

Caros amigos leitores,

Os pilotos que disputam a Copa São Paulo de Kart Granja Viana já devem ter percebido que na categoria Mini Max Rotax, sempre houve algumas brincadeiras extras além do kart, que objetivaram tornar a vida de pilotos, seus irmãos e amigos, mais divertida durante os períodos que antecedem, bem como aqueles que sucedem – antes do pódio - as corridas que participam.

Já tiveram aquelas bolinhas bate-bate, o turnball (aquela bolinha que fica presa a um poste e os meninos rebatem de um lado para o outro) e a velha brincadeira de pular corda. Dentro do box de uma das equipes foram disponibilizados carrinhos para brincar, massinha, quebra cabeça, brinquedos de montar, canetinhas para colorir, transformando o kartódromo em um verdadeiro mini playground.

Para fomentar a interação fizeram no inicio da temporada um "trote", no qual os pilotos veteranos presentearam os pilotos novatos camisetas brancas, que todos assinaram, dando as boas vindas. Com muita ordem e diversão os novatos tiveram seus cabelos pintados pelos veteranos e, também acabaram pintando o cabelo dos veteranos. A saudável brincadeira acabou com jovens pilotos de outras categorias para que, no final do dia, todos saíssem do kartódromo com um sorriso no rosto e cabelos coloridos.

Enfim os pequenos cresceram e precisam de brinquedos maiores. Foi aí que nasceu a ideia de se criar uma brinquedoteca e deixar os brinquedos na Granja Viana permanentemente.

Uma mãe comprou do próprio bolso uma mesa de pebolim e, imediatamente, outras mães que aprovaram a ideia resolveram organizar uma “vaquinha” para comprar outros brinquedos. O próprio Kartódromo Granja Viana ajudou e assim todos passaram a se sentir donos, passando a ajudar na manutenção e cuidado com os brinquedos.

Imediatamente o pebolim no padock se transformou no ponto de encontro e um dos lugares favoritos de nossos pilotos. Um novo espaço de integração, pois aquilo que era apenas um brinquedo voltado para as crianças, tomou uma dimensão maior ainda, com a participação ativa dos pilotos maiores, dos mecânicos e dos pais de pilotos que, literalmente, tomaram conta do espaço em uma brincadeira generalizada e bem divertida. Se formou uma fila gigantesca!

Nossos pilotos estão fazendo o que devem fazer de mais importante, se divertir e brincar... É através da brincadeira que os traços de caráter são desenvolvidos, as habilidades de comunicação são praticadas e os novos líderes são descobertos. Pilotos que brincam junto se respeitam. Não é que por conta disso vão se deixar passar facilmente, mas vão se respeitar ainda mais na pista. Com isso teremos corridas mais seguras.

Cientes da importância desse intento, a ideia de criação da brinquedoteca criou corpo e a “vaquinha” agora é “oficial”. Cada pilotinho colaborou com R$100,00, e com o dinheiro arrecadado já foram comprados mais alguns brinquedos que já foram vistos (e utilizados) na etapa realizada em Interlagos. Lá foram disponibilizadas mesas com vários brinquedos, como Uno, xadrez, massinha, dominó, bingo e roleta.

Mas precisamos de mais para montar um brinquedoteca bem legal. Precisamos de uma mesa de ping-pong, outra mesa de pebolim, outros jogos de mesa, outro turnball, uma mesinha pequena tipo piquenique para os pequenos colorirem, alguns puffs e tapetes para os pequenos ficarem confortavelmente no chão e não se sujarem tanto.

Todos os nomes dos doadores estão sendo anotados e no fim uma pequena faixa de agradecimento com os nomes de pilotos e categorias será colocada no espaço cedido pelo Kartódromo Granja Viana. Já contamos com famílias que colaboraram com o dobro do valor, para ver a brinquedoteca pronta mais rápido e até a colaboração de um dono de equipe, que prefere permanecer anônimo. Desde já o nosso agradecimento.

Para vigiar e dar novas ideias para as brincadeiras foi formada uma comissão de mães. Se conseguirmos arrecadar o suficiente, na próxima etapa o padock vai ter decoração temática da Copa, com puffs no formato de bola e bandeiras do Brasil.

A brinquedoteca só tem uma regra: São proibidos os brinquedos eletrônicos! E justamente para promover a integração e sociabilização de nossas crianças, afinal a infância é o período mais curto na vida de uma pessoa e o mais importante.

Para terminar, o objetivo de tudo isso é que, independentemente do resultado das provas, as crianças tenham passado um dia fantástico, de muitas brincadeiras e boas recordações. Afinal, essas são as verdadeiras memórias que nossos pilotinhos devem ter depois de um dia de corridas, pois correr de kart nada mais é que e uma grande brincadeira.

Aqueles que gostaram da ideia e querem dar sua parcela de contribuição, entre em contato com Simone, mãe do piloto Derek Ryan da Rotax Mini Max, através do e-mail simoneryan@gmx.com.




Simone Ryan