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Granja Viana – O Destruidor de Mitos Gaetano Di Mauro

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O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.
— Fernando Pessoa

 

Mito (do grego antigo mithós) era originalmente uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma cultura. Através do mito se procurava explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e heróis. Na vida moderna, mito assumiu o significado de uma crença comum, algo que se acredita como verdade absoluta, embora sem qualquer fundamento objetivo, ou cientifico. É, portanto, uma alegoria, uma representação simplista, que é admitida com verdade inconteste por todos os membros de um grupo.

Como em todos os ramos da atividade humana, o kartismo tem seus mitos e, como é a praxe para sobrevivência de um mito, nunca são colocados à prova para se comprovar se o que se piamente crê são fatos verdadeiros, ou se são falsos.

O mais conhecido e arraigado mito do kartismo (e do automobilismo em geral) é que esse não é e nem tampouco nunca será um esporte para pratica popular. É, sem qualquer duvida, um esporte caro, que envolve o investimento de valores significativos para a aquisição, desenvolvimento e manutenção dos equipamentos. Deste mito “principal” surge outro mito “acessório”, que reza a velada cantilena de que o kart é um esporte para os bem nascidos. Afinal, no Brasil, patrocínio é artigo de luxo e são raras – na verdade raríssimas – as empresas que buscam aliar suas marcas, ou produtos, a jovens talentos ainda em formação e a regra geral é o esporte ser alimentado pelos “pai-trocinios”.

Outro mito recorrente no meio do kartismo nacional é que para se vencer em provas e certames de alto rendimento – o chamado “kartismo profissional – o piloto tem, obrigatoriamente, de estar aboletado atrás do volante de kart produzido por uma das duas fabricantes mais tradicionais. Segundo esse mito os demais fabricantes se prestam tão somente para as categorias de entrada no esporte de competição, ou para o chamado “hobby kart”, o kartismo de lazer, que as línguas mais ferinas chamam habitualmente de “domingueiros”.

Aos quatorze anos de idade, o kartista paulista Gaetano Di Mauro vivencia nas pistas a “contra-mão” dessa história de mitos. Embora represente a quarta geração de uma família dedicada à velocidade - que iniciou no Brasil com o ás do motociclismo e automobilismo Salvatore Amato –, de já competir em provas oficiais desde 2003 e com dezenas de vitórias e títulos nos principais certames de kart pelas categorias Mirim, Cadete e Junior Menor, Di Mauro é integrante de uma família de classe média, portanto, sem o requisito básico do mito esportivo de contar em casa com um bom “pai-trocinador”.

Extremamente talentoso e rápido, sem recursos financeiros e na ordem natural do mito, Gaetano Di Mauro viu-se obrigado a deixar as pistas e fazer um longo “pit stop” nas temporadas de 2009 e 2010.

 

Destruindo mitos

Os dois anos de compulsório afastamento das corridas não diminuíram a paixão de Gaetano Di Mauro pela velocidade e, ciente de que os mitos estão aí para serem confirmados ou destruídos, foi à luta.

Com o inestimável apoio dos experientes Marcio e Rogério da equipe MR Competições, além de um kart e motor emprestados, Gaetano Di Mauro estava de volta às competições, alinhando no grid da categoria Shifter Kart Junior na segunda etapa da Copa São Paulo de Kart Granja Viana. Apesar do longo período de afastamento a competência e a fé realmente removem montanhas e Gaetano completou o prova de reestréia na segunda colocação. Na etapa seguinte, com a mesa “receita”, Di Mauro era novamente o segundo, mas a poucas voltas para o final da corrida, acabou abandonando a prova por quebra da corrente de transmissão.

Foram duas grandes performances que chamaram a atenção do publico, mídia e fabricantes, já que a partir de então a Mega Kart disponibilizou para Gaetano Di Mauro um chassis novo e apoio tecnológico de fabrica. Mais um mito para ter colocado à prova, já que a classe é dominada pelas duas mais tradicionais fabricantes do país e o mito assinava que o Mega Kart só “vai bem” em categorias de motores quatro tempos, ou em uso como hobby kart.

Para a quarta etapa da Shifter Kart Junior na Copa São Paulo de Kart Granja Viana, além do chassis Mega Kart, Gaetano Di Mauro passou a contar com motor desenvolvido pela Fernando Meira Competições – uma verdadeira usina de força – e o patrocínio da Link Voice, empresa brasileira que atua no mercado de TI, especializada em prestação de serviços de elétrica, cabeamento estruturado, infra-estrutura e construção de Data Center, que buscou aliar à carreira de um piloto vitorioso a velocidade e tecnologia de ponta de sua marca. Assim como no passado já o fizera com sucesso o Banco Nacional com Ayrton Senna, a Arisco com Rubens Barrichello e Sadia com Chico Serra e a Perdigão, com Mauricio Gugelmin.

Essa era uma nova receita, energética e explosiva, que não passou em branco para a TNT Energy Drink, que também aliou sua marca como apoiadora do jovem piloto paulista. Assim, era chegada a hora de serem, finalmente, testados os mitos arraigados no mundo do kart e Gaetano Di Mauro (MR Competições/ Link Voice/ Klint/ TNT/ Mega Kart/ Fernando Meira) não perdeu tempo, vencendo com uma performance avassaladora a corrida valida pela quarta rodada do campeonato e com direito à melhor volta da corrida.

Os mitos estavam destruídos. Mas, qualquer teste de prova, para ter real valor científico, tem de ter colocado à contraprova. E a quinta rodada da Copa São Paulo de Kart Granja Viana – realizada no dia 28/05 – seria o teste final da verdade, ou mentira, dos mitos do esporte.

Com a marca de 41s063, Gaetano Di Mauro conquistou a pole position, na tomada de tempos classificatórios que definiu o grid de largada para a prova da Shifter Kart Junior. Autorizada a largada, Di Mauro manteve a ponta, impondo forte ritmo à corrida, cravando novamente a melhor volta e confirmando a excelência do chassis Mega Kart, ao cruzar a linha final na primeira colocação.

Definitivamente, estavam destruídos os mitos do chassis Mega e piloto “pai-trocinado”!

Na Junior, rumo ao Brasileiro:

O Kartódromo de Interlagos recebe no próximo mês de julho a primeira fase do Campeonato Brasileiro de Kart. O veloz e extremamente técnico circuito é reconhecido como a “Meca” do kartismo nacional e palco que viu desenvolver as carreiras de Ayrton Senna, Rubens Barrichello, Tony Kanaan, Helio Castroneves e Felipe Massa.

Seus segredos são velhos conhecidos do preparador Maurão, como é conhecido nas pistas Altamir Mauro de Oliveira Dias, team owner na equipe Mauro Competições, uma das mais destacadas do kartismo brasileiro. Por suas mãos já passaram, entre outros, Tony Kanaan, André Ribeiro, Roberto Pupo Moreno, Luciano Burti, Lucas Di Grassi, Atila Abreu, Renato Russo, Alam Hellmeister, Roberto Streit, Sergio Jimenez, Bruno Senna, Cacá Bueno e os campeões mundiais de kart Rubem Carrapatoso e Gastão Fráguas.

Gaetano Di Mauro estará lá, inscrito para o grid da categoria Junior e sob a batuta do “mestre” Maurão, com seu chassis Mega Kart e potentes motores fornecidos pela empresa mineira RBC Preparações. Para maximizar a programação de treinos intensivos, a equipe resolveu aproveitar os treinos livres de sexta-feira da quinta etapa da Copa São Paulo de Kart Granja Viana, para lá também treinar e trabalhar no desenvolvimento do equipamento que Gaetano utilizará no certame nacional.

Com os ajustes efetuados os tempos de volta eram excelentes, pelo que a equipe optou por participar da corrida da classe Junior, para fazer um “treino de luxo”, em ritmo de corrida.

Na manhã de sábado, Gaetano Di Mauro teve problemas com a vela de ignição, pelo que conseguiu apenas o sétimo posto do grid de largada. Ainda na volta de apresentação e aquecimento, Di Mauro recebeu um forte toque na traseira de seu kart na entrada da primeira curva do circuito, o que determinou uma rodada e certa demora para reposição em ordem de marcha. Mesmo bastante distante e sem conseguir integrar novamente o pelotão de alinhamento, a direção de prova optou por autorizar a largada, em claro prejuízo desportivo ao concorrente.

Gaetano estava em uma prova à parte, em razão da grande distancia que determinava Gaetano estar mais que toda a reta principal do circuito distante do penúltimo colocado. Repentinamente começou chover sobre o circuito e, mesmo com pneus “slick” em seu kart, Di Mauro não se dava por batido e com grande habilidade mantinha o pé no fundo.

O ritmo imposto pelo novo pupilo de Maurão era impressionante e já na terceira volta de corrida tirava entre dois e quatro segundos por volta dos lideres da corrida. Os concorrentes iam sendo superados uma a um e Di Mauro cada vez mais se aproximava dos lideres da corrida, catalisando as atenções do publico em sua atuação. Mas não houve tempo hábil para descontar toda a diferença e Gaetano Di Mauro (Mauro Competições/ Link Voice/ TNT/ Mega Kart/ RBC) recebeu a “checkered flag” na terceira colocação final.
“Foi uma pena o erro da direção na largada, porque o Gaetano era o mais rápido na pista, tanto que fez a volta mais rápida da corrida. Se tivéssemos mais duas voltas certamente ganhávamos a prova”, esclareceu Maurão. “Mas o importante é ver que estamos no caminho certo para o Brasileiro e ainda temos muito que desenvolver no kart”, concluiu o experiente preparador.

Confira o resultado da Shifter Kart Junior e da Junior na quinta etapa da Copa São Paulo de Kart Granja Viana:

Shifter Junior
1.- Gaetano Di Mauro (MR Competições/ Link Voice/ Klint/ TNT/ Mega Kart/ Fernando Meira), com 21 voltas em 15m20s690
2.- Mauricio Gallinari Junior, a 2s645
3.- Lukas Moraes, a 5s746
4.- Felipe Ferraretto, a 7s816
5.- Guilherme Samaia, a 13s308
6.- Gustavo Lima, a 17s120
7.- Sérgio Serrano, a 21s901
8.- Breno Borges, a 27s186
9.- Murilo Coletta, a 37s313
10.- Matheus Sucena, a 51s665 (+20s)
11.- Luiz Priester, a 13 voltas
12.- Andreas Visnardi, a 13 voltas
13.- Lucas Biagioni, a 21 voltas
Pole Position: Gaetano Di Mauro, com 41s063
Melhor Volta: Gaetano Di Mauro, com 41s462

Junior:
1.- Flávio Matheus, com 18 voltas em 15m18s819
2.- Pietro Rimbano, a 1s440
3.- Gaetano Di Mauro (Mauro Competições/ Link Voice/ TNT/ Mega Kart/ RBC), a 6s347 (+3s)
4.- Victor Miranda, a 21s886
5.- Diulio Squassoni, a 36s339
6.- Leonardo Baran, a 47s690
7.- Renato Junior, a 54s183
8.- Gabriel Balarin, a 58s064 (+10s)
10.- Guilherme Baldin, a 1 Volta
11.- Matheus Muniz, a 1 Volta
12.- Léo Gimenez, a 5 Voltas
13.- Matheus Jacques, a 6 Voltas
14.- Artur Fortunato, a 4 Voltas
15.- Vitor Baptista, a 7 Voltas
16.- Vinícius Paparelli, DQ
Pole Position: Flavio Matheus, com 49s541
Melhor Volta: Gaetano Di Mauro, com 44s322

Última atualização ( Qui, 09 de Junho de 2011 12:11 )  

Comentários 

 
#1 15/07/2011 11:42
Já acompanhei a carreira de grandes pilotos que hoje já são renomados pelo mundo, mas igual ao Gaetano Di Mauro, eu realmente nunca vi! Ele é realmente fora de série. Parabéns Gaetano você merece realizar todos seus sonhos, pois além de ser um piloto excepcional, é uma excelente pessoa.
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