Você está Aqui: Início

Campeonato Paulista – Não pergunte o que o kart faz por você. Pergunte o que você pode fazer pelo kart!

E-mail Imprimir PDF

Maior e mais importante certame regional de kart da América Latina e responsável por lapidar e revelar os talentos de Ayrton Senna, Rubens Barrichello, Helio Castroneves, Tony Kanaan, Gil De Ferran, Felipe Massa e Lucas Di Grassi – entre muitos outros “botas” de primeira grandeza - o Campeonato Paulista de Kart perdeu suas forças e agoniza como resultado de uma queda de braços em que os únicos prejudicados são o kart e o kartista sul-americano.

Poucos anos atrás centenas de pilotos de todos os rincões do Brasil e de praticamente todos os paises do cone sul do continente americano lutavam bravamente por vitórias no Kartódromo Ayrton Senna, popularmente conhecido como Kartódromo de Interlagos, uma verdadeira “Meca” da modalidade e indiscutivelmente reconhecido como o melhor circuito para aprendizagem e desenvolvimento das técnicas de pilotagem do país.

Andar em Interlagos sempre foi o sonho (realizado, ou não) de qualquer piloto de kart da América do Sul. Dos pilotos que fazem suas carreiras em busca do pote de ouro no final do arco-iris da F.1, aos pilotos de hobby kart – jocosa e indevidamente chamados de “domingueiros -.

Mas os custos de participação nesse certame foram cada vez mais se tornando altíssimos e irreais para uma modalidade que se presta, prescipuamente, para o ingresso e aprendizado no mundo da velocidade. Custos que no calor das paixões levaram fortunas de imprevidentes endinheirados e ceifaram o prosseguimento de carreiras que poderiam, um dia, orgulhar nosso Brasil varonil.

Todos, indistintamente, eram culpados. Organizadores, fabricantes, preparadores de chassis, preparadores de motores e até a velhinha do cafezinho pareciam viver em outro mundo, em qual euros e dólares brotavam inesgotavelmente do chão.

Era momento de se dar um basta nessa corrida desenfreada pelo ouro (alheio) e os organizadores fizeram sua parte no “mea culpa” necessário para sobrevivência sadia do esporte. Enxugaram custos, reduziram valores e reformularam totalmente o formato do Campeonato Paulista de Kart, que passou, então, a ser realizado com motores sorteados.

“Os homens podem dividir-se em dois grupos: os   que seguem em frente e fazem alguma coisa e os que vão atrás a criticar” - Sêneca

A “grita” foi geral. Obviamente mais afetados em seus bolsos, os preparadores de motores - que não teriam mais a mesma “serventia” no campeonato – lideraram um “boicote” ao certame, acompanhados pelos preparadores de chassis e até mecânicos residentes no “pedaço”, que como papagaios insensatos passaram a repetir aos quatro ventos a ladainha que os obrigaria a passar a trabalhar sempre longe de casa.

Os grids esvaziaram. O Campeonato Paulista de Kart entrou em longa e lenta agonia. E mesmo mudando a cada ano o formato, buscando atrair novamente os pilotos para a mais completa pista que está à disposição do aprendizado e desenvolvimento dos pilotos, a desvairada oposição, por mera vontade de fazer oposição, permanece fazendo efeito no certame.

Os preparadores de motores descobriram novo “filão” na preparação e aluguel de carburadores, com menores custos operacionais e óbvio menor trabalho no transporte de seus equipamentos. Os preparadores de chassis – a maioria deles “baseado” em Interlagos – em nada foram afetados, mas erroneamente acabam “indicando” para seus clientes outros campeonatos como os “ideais” para o aprendizado de seus rebentos. Justamente um disputado em uma pista onde nada se aprende a não ser acelerar em longas retas e outro em um carrossel de sobe-e-desce, onde as retas quase não fazem parte do menu.

“Se você aponta o erro com ardente desejo de corrigí-lo, você estará agindo bem. Por outro lado, se agir comandado pelo senso de crítica e injúria, você estará cometendo um pecado, mesmo que seja verdade” - Nitiren Daishonin

É certo que Interlagos não dispõe de uma estrutura adequada no que toca o conforto. Os banheiros inexistem, não há um restaurante “razoável”, nem um deck conjunto onde se possa assistir agradavelmente o desenrolar das corridas. Mas a pista, a “alma” do negócio, está lá. Integra e perfeita para receber pilotos ainda ávidos em acelerar na catedral da velocidade para os micromonopostos.

O Campeonato Paulista de Kart “tentou” fazer sua primeira etapa no dia 24/04 e após uma semana de treinos em que pilotos de varias categorias estavam presentes a impressão que dava era de que, mesmo com quorum restrito, o certame iria embalar. Todavia a “turma do contra” entrou em ação e sem motivos claros, ou reivindicação expressa, mantiveram viva a “greve” burra que apenas prejudica o kartismo e os kartistas.

Deu W.O. e a etapa inaugural foi cancelada.

Essa é, claramente, uma situação absurda que não pode prosseguir. O kartismo sul-americano e principalmente o paulista precisam de provas e campeonatos em Interlagos, como também Interlagos precisa de provas e kartistas para “valer à pena” um grande investimento na decana e arcaica proto-estrutura que serve ao circuito.

Quais os caminhos que devem ser tomados para salvar o mais importante campeonato da América Latina?

Aparentemente os clubes organizadores do campeonato – que não é apenas o Interlagos Motor Clube, aparente objeto de ira da galera do mal – e a FASP- Federação de Automobilismo de São Paulo, estão em um beco sem saída.

Tentar prosseguir o campeonato “fingindo” que nada aconteceu não parece ser a melhor alternativa, que certamente redundará em novo W.O. nos grids.

Assinar o atestado de óbito e enterrar definitivamente o Campeonato Paulista de Kart é, no mínimo, uma heresia e crime lesa-patria com nossa historia, com nossa tradição automobilística internacional e com o futuro do kart e de nossos kartistas, que podem chegar à porta das categorias top internacionais apenas sabendo acelerar em longas retas, ou manear incansavelmente em um labirinto de sobe-e-desce.

“Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país” - John F. Kennedy

A alternativa de consenso entre os especialistas no esporte ouvidos pelo Planet Kart indicam, claramente, que a melhor alternativa para esta temporada seria fazer-se o campeonato aos moldes do Campeonato Brasileiro de Kart, em uma única semana e quatro corridas, antes do certame máximo nacional e como forma de preparativos para o mesmo.

Como “variante” poderia ser feita outra “rodada” antes da Copa Brasil de Kart, que poderia também levar o nome de Copa São Paulo de Kart, utilizando o mesmo formato do certame da CBA. Aí São Paulo teria dois “grandes” campeonatos em Interlagos e a possibilidade do exercício de “livre e espontânea pressão” na SP Turis, mandatária do complexo de Interlagos, para abrir os cofres e fazer as reformas que urgem.

Porém, para que isso aconteça, é obrigatório que as partes “se entendam” e se impõe o agendamento de uma reunião multidisciplinar entre todos que são interessados, ou seja, a FASP, clubes organizadores, preparadores de motores, preparadores de chassis, fabricantes, pilotos e meros “palpiteiros” interessados.

Todos decididamente isentos de rancores e paixões. Apenas com a vontade de fazer o kartismo paulista voltar a ter o viço, a pujança e a importância que merecidamente sempre teve.

“Não devemos dar demasiada atenção ao que os críticos dizem. Nunca foi erguida uma estátua em honra de um crítico” - Sibelius

 

 

Última atualização ( Ter, 04 de Maio de 2010 16:38 )